(Trechos de ‘Uma luz que cativa’, com ênfase em “fana” – a extinção do eu)
* Allah me inspirou o completo esquecimento de meu eu.
* Tenho amado a Allah e rejeitado meu eu.
* Abandonei o eu e fui sozinho até Allah.
* Aquele em quem o eu triunfa, estará entre os condenados.
* Quem retorna à morada do eu, não está disposto a invocar Seus nomes.
* Quando perco o eu, sou eleito.
* Quando conheci o domínio da Unidade, repudiei o eu.
* Até quando este eu se interporá entre Tu e eu? Rogo-te que dissolvas meu eu.
* Contração do coração na dilatação do eu. Dilatação do coração na contração do eu.
* Quando conhece os defeitos de seu eu, alcança o limite.
* Reduz tua abundância a nada.
* Pobre asceta! Se conhecesse a insignificância do mundo e o pouco a que renuncia! O genuíno asceta é quem se deixa cativar por Allah.
* Sufismo – a arte de renunciar ao mundo.
* Foge das criaturas e refugia-te Nele.
* Eu sou Ele e continuo em mim – sou Ele e estou nele.
* Na última estação a Verdade me perguntou: Que queres? Respondi: Desejo não querer nada.
* Este mundo é para as pessoas comuns. O mundo mais distante é para os eleitos. Quem quer unir-se aos eleitos, não deve participar neste mundo com as pessoas mundanas.
* Não sejas descuidado, presta atenção, evita a sonolência dos que se divertem.
* Seja constante em Sua invocação (dhikr). Invoca-o, implora Seu socorro.
* Quem pretende alcançar a união precisa praticar o serviço.
* Quem pretende alcançar a união precisa praticar o serviço.
* O conhecimento é ignorância para a essência da Verdade.
* Quem conhece Allah, renuncia a tudo o que pode distrair.
* Os santos de Allah estão ocultos Nele, no véu da intimidade.
* Allah é o Solitário. É o Único em sua unicidade.
* Allah é o primeiro e o último, o aparente e o oculto.
* O sufismo é uma luz resplandecente que cativa aqueles que a vislumbram.
Passagens do texto “Vida de Hallaj”, publicado em 1962 na reedição da obra ”La Pasión de Husain ibn Mansur Hallaj”, de 1922
Hallaj foi condenado a morte em Bagdá no ano 922. E permaneceu como um herói lendário. A ampla difusão dos grandes poemas persas formam magnificamente sua fisionomia de santo, de ‘extático deificado’ (místico).
O estudo crítico das fontes autênticas deste tema me permitiu estabelecer que Hallaj havia sido consciente de sua vocação de “pilar místico” e de “mártir espiritual” do Islam. O estudo, realizado no Cairo em 1907, ao mesmo tempo que meu aprendizado do árabe falado e escrito, acabou por convencer-me da veracidade deste testemunho puro, até o sacrifício de si mesmo.
A seção I fixa a vida de Hallaj. A seção II situa a mística de Hallaj. A seção III apresenta a bibliografia relacionada a Hallaj (1415 obras, de 953 autores).
Considerei Hallaj como uma alma consagrada. E não é que o estudo de sua vida, plena e potente, reta e indivisível, me tenha aberto o segredo de seu coração. Na realidade foi ele que sondou o meu…
Apesar da proibição oficial, mantida desde o ano 922 até 1258, de copiar ou vender suas obras, numerosos fragmentos de Hallaj foram conservados por doxógrafos da mística. Se conservaram 6 cartas suas, 69 discursos públicas, seu “Diwan”(poemas), 2 fragmentos em prosa (de um autenticidade excepcional), os “Riwayat” e os “Tawasin” (compilações). Outras obras em prosa foram queimadas, mas textos significativos foram conservadas graças a uma série de comentários críticos (hostis).
Na busca toda uma vida passou
Neste mar naveguei muito…
Todos já foram guias ou seguidores
Ninguém conhece o segredo divino
Cativos somos…
Conhece a Ciência dos Mistérios aquele que conhece os Mistérios
E por essa razão ela segue oculta por um véu
Já deixei de galopar, já que este vale não tem saída
Com as unhas cavei esta mina e queimei minha vida
Nem um instante dormi com o coração saciado
Apenas tive um instante de alento
Toda a vida vivi com o coração sangrando
De mim não fica grande coisa que possa ainda sair de minhas veias
Não haverá luto no mundo por minha morte
E para o meu mal não há remédio
Quem sou? Nada e menos que nada
Ter alívio é não ser
No não ser está o repouso
Fragmentos dos cap. 1-3 do livro “Fawatih al-jamal wa-fawatih al-jalal” / Manifestações da Beleza e Aromas da Majestade
Deverás saber que Allah é o objeto de qualquer aspiração, e que o aspirante é uma luz que provém Dele. Cada ser humano tem um Espírito que procede Dele. Mas sem dúvida, as pessoas permanecem na cegueira, salvo aquelas que retiram o véu, que não é algo exterior, pois está nelas mesmas. Se não vês nada, é uma carência que somente procede de ti.
O caminho requer austeridade… Mas o esforço que deves realizar depende fundamentalmente do caminho que segue.
O primeiro requer diminuir o alimento de uma maneira progressiva [‘jejum’ das coisas do mundo].
O segundo implica em um tutor, um mestre.
O terceiro é o de Junaid, que se baseia em oito princípios:
– manter a ablução (purificação), guardar o jejum, permanecer em silêncio, persistir no retiro espiritual, perseverar na invocação de Allah (dhikr), cultivar o vínculo interior com o mestre, afastar os pensamentos, abandonar qualquer ato de oposição a Allah.
Se o viajante sente um peso enorme, o peito oprimido, a invocação resulta cansativa, seu coração não está alegre… Quando o viajante se sente leve, calmo, o peito dilatado, o coração alegre e sereno, percebe o fogo ascendente e puro – são as chamas da invocação que se manifestam…
Nosso caminho é o caminho da Alquimia.
Se os oceanos são puros e contêm estrelas ou luzes parecidas as chamas, deverás saber que se trata dos oceanos do conhecimento místico.
Se chover é água que provêm da presença da compaixão para derramar vida sobre a terra dos corações inertes.
Em árabe clássico, o termo “wird” significa a chegada à água para beber. Ele designa também o bebedor e a quantidade de água que sacia a sede do peregrino. Por extensão semântica, esse termo significa a parte do Corão (ou de outras invocações) que nos é dada como tarefa de leitura.
Se considerado na forma técnica, esse termo designa também o conjunto de suras, litanias e de práticas rituais que o caminhante assume como dever de cumprir regularmente.
Esta prática se refere essencialmente ao Corão, que incita os fiéis a invocar Allah (exaltado seja Ele) contínua e abundantemente. Ela se refere igualmente aos ditos de Sayyidunā Muhammad (que Allah derrame bênçãos e paz sobre ele) que incitou seus Companheiros a repetir determinados dhikr cem vezes.
Nós nos contentaremos com esse hadit relatado por al-Buhārī : “quem quer que diga “ lā ilāha illā Allāh wahdahu lā charīka lahu, lahu -l-mulku wa-lahu al-hamdu wa-huwa ‘alā kulli chay’in qadīr ” [Não existe Deus a não ser Allah! Ele é único e sem consorte! A Ele a soberania! A Ele o louvor! Ele tem poder sobre todas as coisas!] cem vezes por dia receberá o equivalente à recompensa pela libertação de dez escravos. Além disso, cem boas ações serão atribuídas a ele e cem de suas más ações serão anuladas e ele será protegido contra Satã todo o dia até o anoitecer, e ninguém será melhor que ele nessas ações senão aquele que fizer mais”.
Em todas as épocas, os piedosos instalaram os ‘wirds’ para ajudar os discípulos a progredir no caminho da consciência de Allah (exaltado seja Ele), em nome dos quais nós citamos Ibn Sirin, As’d Ibn Ali AL Zanjani, Al-Imam Al-Nawawi, etc.
Quanto a Sayyidī Muhammad al-Madanī (que Allah tenha misericórdia dele), ele recomendava a seus discípulos a recitação da Sura al-Wāqi‘a, uma prece sobre Sayyidunā Muhammad (que Allah derrame bênçãos e paz sobre ele) bem como os versos do Corão (al-ihlās, al-falaq et al-nās). A esses extratos corânicos, se acrescentam cem vezes o istigfār, cem vezes o “ lā ilāha illā Allāh wahdahu lā charīka lahu, lahu -l-mulku wa-lahu al-hamdu wa-huwa ‘alā kulli chay’in qadīr ” , cem vezes a prece a Sayyiduna Muhammad (que Allah envie bênção e paz a ele), cem vezes yā latīf, cem vezes yā wahhāb e cem vezes “ lā ilāha illā Allāh al-maliku al-Haqqu al-Mubīn “.
Essas invocações são apenas córregos nos quais mergulhamos para saciar nossa sede, purificar nossos corações e aumentar nosso amor para conscientização de nosso estado de “ubūdiyya” [realidade essencial]. “Invocai a Mim, Eu vos invocarei” (Vaca, 152).