Ibn AL-Haddad al Misri disse:
“Uma noite estrelada, eu fui ao túmulo de Ahmad Ibn Hanbal, que Allah lhe conceda sua generosidade. De longe, eu vi um homem em pé, dirigindo-se à Qibla. Sem que ele se desse conta, eu me aproximei. Ele era al-Husayn Ibn Mansūr al-Hallāj (m. 309h/922 d.C). Em lágrimas, ele invocou:
Oh, tu que me intoxicas por Teu amor!
Oh, tu que me intrigas nos domínios da proximidade!
Só Tu, tu possuis a antiguidade.
Só tu, tu és estável sobre o assento da Sinceridade.
Tua existência se manifesta pela justiça, não por uma instituição material.
Tua distância é uma diferença, não uma lacuna.
Tua presença se revela pela ciência, não pela substituição.
Tua ausência é devido ao véu, não pela partida.
Acima de Ti, nada que possa te cobrir.
Abaixo de ti, nada que possa te sustentar.
Diante de ti, nada que possa te alcançar.
Atrás de Ti, nada que possa te apanhar.
Eu Te imploro pela sacralização dessa terra abençoada e pelo grupo de estudantes [de Ahmad Ibn Hanbal].
Não me leve de volta a mim, depois de me ter extinguido.
Não me faça ver o meu eu, depois de tê-lo ocultado.
A maioria dos meus inimigos está em Tua terra;
“Aqueles que querem me matar são Teus servos”.
Quando ele sentiu a minha presença, me olhou, sorriu e me disse:
– Oh Abū al-Hasan! Onde eu estou é o primeiro estágio dos aspirantes.
Surpreso, eu respondi:
– Como, sheikh! Se esse é o primeiro estágio, quem estará, então, nos seguintes?
Ele respondeu:
– Não, eu te menti. É o primeiro estágio do muçulmano. Não é o primeiro estágio do infiel.
Então, ele gritou três vezes e caiu por terra, o sangue corria de sua boca. Por um sinal de mão, ele me pediu para sair.
Eu o deixei e parti.
No dia seguinte, eu o vi na mesquita de Al-Mansour [em Bagdá]. Ele pegou minha mão, se retirou e me disse:
– Por Deus, não conte a ninguém o que você viu ontem.