A gnosis tem um grau inicial e um grau supremo, onde se situa a elite espiritual.
Para aqueles que possuem gnosis, seu objeto é infinito.
Como a gnosis poderia englobar Aquele o qual o pensamento não alcança, a razão não identifica, que o espírito não imagina e cuja maneira de ser escapa à reflexão!
A mais sábia das criaturas em relação a esse assunto, é aquela que reconhece com a maior das forças sua incapacidade de apreender Sua grandeza.
Ele é eterno, e tudo o que é outro senão Ele é produzido no tempo.
Ele preexiste, e tudo o que é outro senão Ele tem um começo.
Ele é a Divindade, e tudo o que é outro senão Ele é objeto dessa Divindade.
Ele é Aquele que é sábio, sem que ninguém o tenha instruído e sem que Ele obtenha informações de outro que não seja Ele, enquanto todos os outros seres sábios não o são graças à Sua Ciência.
Glória a Ele, que é o Primeiro sem começo e que é o Perpétuo sem fim!
A elite espiritual dos santos situa-se no grau mais elevado da gnosis.
Quanto aos crentes comuns, eles se situam no grau inicial da gnosis, e os sábios (ou os gnósticos = al-ârifûn) lhes proporcionam testemunho sobre esses dois graus da gnosis, o inferior e o superior.
Seu testemunho, no que diz respeito ao nível inferior, consiste na proclamação da Sua unicidade, na negação radical da existência de seres semelhantes a Ele.
Seu testemunho, no que diz respeito ao nível mais elevado da gnosis, consiste em realizar seus deveres para com Ele, dar-lhe preferência sobre todas as Suas criaturas, praticar as virtudes mais nobres e abster-se de tudo o que não aproxima Dele.
A gnosis com a qual a elite espiritual supera o comum dos crentes é o sentimento intenso, provado pelo coração, da infinitude de Sua grandeza e de Sua majestade, de Seu poder agente e da Sua ciência que engloba tudo, de Sua generosidade transbordante e de Seus favores.
Existem 3 tipos de homens: aqueles que partem para a busca e que seguem seu caminho; aqueles que chegam e param e aqueles que entram e que repousam.
Aquele que parte em busca de Deus se dirigem a Ele deixando-se guiar pelas indicações do ensinamento literalista e legalista. Seu comportamento em relação a Deus é estritamente exterior.
Aquele que chega à porta e pára é aquele que é consciente dos caminhos que aproximam Dele, graças às indicações que lhe proporciona a purificação de seu ser interior e graças aos dons das preciosas instruções das quais ele está pleno. Seu comportamento em relação a Deus é interior.
Aquele que entra (diante Dele) com todo o seu coração e que se afastou da consideração de tudo o que é outro senão Ele, não tendo olhos senão para o que Ele lhe mostra, executando com presteza o seu Mestre lhe ordena, é aquele que “realiza” a gnosis da Unidade de Deus.
A ciência do tasawwuf é aquela que só a conhece o homem dotado de intuição e familizarizado com a Verdade. Não a conhece aquele que não tem o testemunho interior.
O sufismo está baseado em 8 virtudes que lhe são próprias: generosidade da alma, aceitação do destino, paciência, discrição na fala, exílio voluntário, uso da lã, peregrinação e pobreza.
A renúncia é considerar esse mundo inferior pouca coisa e apagar todo traço seu no coração. A pobreza espiritual — é o coração vazio de formas.
A última estação do sábio (ou do gnóstico) é a liberdade.