Sentenças de Ibn Ata Allah al-Iskandari

Sentenças de Ibn Ata Allah al-Iskandari

Nada é mais benéfico para o coração do que o retiro (khalwa) espiritual, com o qual entra no domínio da meditação.

­ As nuvens das coisas criadas [pela mente] escondem o sol da gnosis (marifa).

­ Enquanto estás neste mundo não te surpreendas com a existência do sofrimento.

­ O que está depositado no mundo invisível dos corações secretos se manifesta no mundo visível dos fenômenos.

­ Os que viajam até Ele possuem como guia a luz de sua orientação.

­ Estar buscando vícios ocultos em ti é melhor do que estar buscando realidades invisíveis que estão veladas.

­ O Real não está velado a ti – tu é que estás velado para vê-lo.

­ Que a tua aspiração não se desvie ao que não é Ele.

­ Nenhum ato que surge de um coração que renuncia é pequeno.

­ Não abandones a invocação porque não sentes nela a presença de Allah.

­ Ele te enviou uma inspiração para tirar-te do cárcere de tua existência.

­ A luz é o exército do coração [de seus centros secretos].

­ A intuição pertence à luz.

­ O gnóstico é quem, através de sua extinção [fana] em Seu ser [em Allah] e de sua absorção ao contemplar-lhe, não tem relações simbólicas.

­ O gnóstico só encontra repouso em Allah.

­ Somente o ignorante despreza a recitação da litania. A litania é o que Ele busca de ti.

­ Há uma luz depositada nos corações – os corações mais secretos do ser são os locais onde surge a luz.

­ Nada inquieta mais o “eu” do que a Verdade.

­ Esvazia teu coração e preencha-o com intuições gnósticas e mistérios.

­ As realidades interiores chegam sinteticamente no estado de iluminação.

­ Quem se atribui humildade é verdadeiramente orgulhoso.

­ A meditação é a viagem do coração – é a lâmpada do coração.

A Luz que Cativa

Preceitos de Abu Bistami [Bastami] no texto “A Luz que Cativa”

– Ao perguntar “como posso ir até a Ti”, Ele respondeu: “abandona teu eu” e vem.
– Nada pode ser acrescentado à Unidade.
– Quando Allah soube que minha súplica era sincera e desesperada, me inspirou o completo esquecimento de mim mesmo.
– O limite final dos autênticos iniciados corresponde aos dois primeiros estágios dos profetas.
– Inclino-me com veneração, me prosterno com humildade.
– Despojei-me do meu eu como a víbora de sua pele.
– A perfeição do iniciado se adquire mediante o aquecimento no amor por seu Senhor.
– Como se reconhece o iniciado? É o que não se deixa embriagar por sua invocação.
– Ele é o Uno.
– Sufi é aquele que toma o Livro de Allah em sua mão direita e a tradição em sua mão esquerda.
– É preciso abandonar a cólera, o orgulho, a disputa que gera hostilidade. Seja seu próprio crítico e faça o exame de consciência. Combata ao ‘eu’.
– O amor e a fé colaboram no coração do homem sincero.
– O que é o sufismo? É afastar o ‘eu’ com o serviço (ao mundo).
– Invoco-te no segredo do meu coração – estou aniquilado e Tu permaneces. Meu nome se desvaneceu… Não há nada mais – só Tu existes.

• Preceitos de Ali al-Jamal, o mestre do sheikh al-Darqawi (nas “Cartas de Darqawi”)

– Se fores doce, que a vida seja amarga!
– Se estás contente, que importa que as pessoas estejam irritadas.
– Que entre Tu e eu tudo esteja cultivado e que entre eu e os mundos somente exista deserto!
– Se Teu amor estiver assegurado, tudo é fácil, já que tudo sobre a terra não é mais que terra.
– Oh Allah, que minha vergonha seja evidente aos olhos das criaturas e minha – Enquanto outras pessoas se preocupam com a adoração, ocupa-te do Adorado.
– Ele é a única coisa, fora da qual não há nenhuma coisa.
– Se acrescentares o efêmero ao eterno, o efêmero desaparece e somente o eterno permanece.
– Quando as luzes da pura contemplação se revelam, desaparecem, ao mesmo tempo, o asceta e aquilo do que ele se abstém.
– Mente quem pretenda ter bebido do vinho dos iniciados e compreendido suas verdades espirituais e apesar disso não tenha se desapegado do mundo. Do mesmo modo que o paraíso não é acessível para quem tenha morrido e nascido outra vez, o ‘paraíso da gnosis’ permanece fechado para aquele cuja alma não esteja morta a este mundo…
– Não terás vida antes de haver morrido [para o mundo].
– Não alcançarás a meta a que aspiras enquanto durem os elogios que prestam os homens.
– Não obterás a extinção em Allah [‘fana’ – a ‘extinção do eu’] enquanto não estiveres morto ao mundo.
– Se os véus que estão a tua frente forem retirados, contemplarás o bem Amado em ti mesmo.
– Se tua alma estivesse livre de manchas, a Verdade chegaria e a vaidade desapareceria.

Apresentação da Tariqa Madaniya (Tunísia)

Apresentação da Tariqa Madaniya (Tunísia)

A tariqa Madaniya é ligada com a tradição profética através de uma cadeia de transmissão de catorze séculos, passando por Junaid (da escola de Bagdá), Ibn Masarra e a escola de Almeria (Espanha), Abu Madyan (Espanha/Marrocos), Ibn Mashish e Abu al-Shadhili (que recebeu esse nome na Tunísia, onde fundou a tariqa Shadhiliya). Por meio dos discípulos de al-Shadhili (al-Mursi, al-Iskandari), esta linhagem (silsila) se difundiu pelo norte da África. No início do séc. XIX, a tradição Shadhiliya foi revigorada e renovada pelo sheik al-Darqawi (no Marrocos) e por seus discípulos, entre os quais sheik Muhammad al-Buzidi – que foi o fluxo para Ahmed ibn Ajiba (Marrocos) e para Ahmed al-Alawi (na Argélia).

Em 1909, a tradição Shadhiliya-Darqawiya foi estabelecida na Tunísia por Sidi Mohammad al-Madani (1888-1959), que recebera uma robusta educação na mesquita-universidade de Zaytouna (Tunis) e que fora discípulo de M. al-Sadiq al-Sahrawi, o moqadam de Zafir Madani ( -1905) na Tunísia. Sheikh Zafir era filho do sheikh Hasan Hamsa al-Madani, um dos importantes discípulos de Darqawi. Sidi M. al-Madani também conviveu com al-Alawi na Argélia (Mostaganem) por 3 anos, recebendo um intenso treinamento. Ao retornar para a Tunísia dedicou-se aos continuadores de sua tariqa por aproximadamente 50 anos, em Ksibet. Deixou 15 trabalhos (livros e comentários) tratando das ciências religiosas, espiritualidade islâmica e do autêntico sufismo.

Desde 1959, a tariqa Madaniya continua com a direção de seu sucessor, Sidi Mohammed al-Maunawar al-Madani, que devotou sua vida para difundir o sufismo verdadeiro em todas as direções. Devido a seus valorosos ensinamentos, seu consistente conhecimento da sharia e dos fundamentos do sufismo e por seu grande amor pelo Profeta (possa a paz estar sobre ele), a tariqa continua a brilhar no norte da África, na França e está se difundindo por outras regiões.

Assim, o sufismo da tariqa Madaniya (com sua base na Tunísia) está ligado à tradição Alawiya (al-Alawi), Madaniya (al-Sahrawi e Zafir Madani), à renovação de Darqawi e à tradição do sufismo que tem seus fundamentos nos ensinamentos e práticas de al-Shadhili e seus discípulos, que retorna, através de al-Mashishi, ao sufismo da Espanha por meio de Abu Madyan, Ibn Arabi até Ibn Masarra. Ibn Masarra, que foi discípulo de al-Naharayuri (discípulo de Junaid), constitui o primeiro núcleo sufi na Espanha. Desse modo, a tradição Shadhiliya tem sua origem no sufismo clássico e na silsila proveniente diretamente dos sucessores espirituais do Profeta (que a paz esteja com ele). E é o sufismo Shadhiliya-Darqawiya e as instruções de al-Sahrawi e al-Alawi que fornecem os fundamentos para a tariqa Madaniya.

الإحتفال بالمولد النبوي La fête d'al-Mawled

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