Em árabe clássico, o termo “wird” significa a chegada à água para beber. Ele designa também o bebedor e a quantidade de água que sacia a sede do peregrino. Por extensão semântica, esse termo significa a parte do Corão (ou de outras invocações) que nos é dada como tarefa de leitura.
Se considerado na forma técnica, esse termo designa também o conjunto de suras, litanias e de práticas rituais que o caminhante assume como dever de cumprir regularmente.
Esta prática se refere essencialmente ao Corão, que incita os fiéis a invocar Allah (exaltado seja Ele) contínua e abundantemente. Ela se refere igualmente aos ditos de Sayyidunā Muhammad (que Allah derrame bênçãos e paz sobre ele) que incitou seus Companheiros a repetir determinados dhikr cem vezes.
Nós nos contentaremos com esse hadit relatado por al-Buhārī : “quem quer que diga “ lā ilāha illā Allāh wahdahu lā charīka lahu, lahu -l-mulku wa-lahu al-hamdu wa-huwa ‘alā kulli chay’in qadīr ” [Não existe Deus a não ser Allah! Ele é único e sem consorte! A Ele a soberania! A Ele o louvor! Ele tem poder sobre todas as coisas!] cem vezes por dia receberá o equivalente à recompensa pela libertação de dez escravos. Além disso, cem boas ações serão atribuídas a ele e cem de suas más ações serão anuladas e ele será protegido contra Satã todo o dia até o anoitecer, e ninguém será melhor que ele nessas ações senão aquele que fizer mais”.
Em todas as épocas, os piedosos instalaram os ‘wirds’ para ajudar os discípulos a progredir no caminho da consciência de Allah (exaltado seja Ele), em nome dos quais nós citamos Ibn Sirin, As’d Ibn Ali AL Zanjani, Al-Imam Al-Nawawi, etc.
Quanto a Sayyidī Muhammad al-Madanī (que Allah tenha misericórdia dele), ele recomendava a seus discípulos a recitação da Sura al-Wāqi‘a, uma prece sobre Sayyidunā Muhammad (que Allah derrame bênçãos e paz sobre ele) bem como os versos do Corão (al-ihlās, al-falaq et al-nās). A esses extratos corânicos, se acrescentam cem vezes o istigfār, cem vezes o “ lā ilāha illā Allāh wahdahu lā charīka lahu, lahu -l-mulku wa-lahu al-hamdu wa-huwa ‘alā kulli chay’in qadīr ” , cem vezes a prece a Sayyiduna Muhammad (que Allah envie bênção e paz a ele), cem vezes yā latīf, cem vezes yā wahhāb e cem vezes “ lā ilāha illā Allāh al-maliku al-Haqqu al-Mubīn “.
Essas invocações são apenas córregos nos quais mergulhamos para saciar nossa sede, purificar nossos corações e aumentar nosso amor para conscientização de nosso estado de “ubūdiyya” [realidade essencial]. “Invocai a Mim, Eu vos invocarei” (Vaca, 152).
tradução de I.Borges – revisão de Jamal al-Murb